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Em geral tanto as épocas de crise, como também as de estabilidade financeira do mercado, tendem a provocar nas pessoas maior preocupação com seu futuro e dos seus familiares.
Como resposta a este comportamento é natural que haja um aumento, no mundo financeiro, das ofertas por especialistas em investimentos pessoais ou em grupo.
A gama de produtos é a mais variada possível. Desde recursos para manter a renda numa previsível aposentadoria, financiar os estudos dos filhos, criação de reservas para futuros desfrutes ou até um seguro de vida para reduzir o baque financeiro dos familiares na eventual falta por falecimento ou incapacidade. Todos produtos importantes e com forte conotação preventiva.
Mas o que esta orientação não discute, vincula ou orienta, é a necessária relação que deve haver entre assegurar um investimento visando a tranqüilidade financeira no futuro e um projeto de vida correspondente a estas reservas.
Além de ter claro qual o rendimento que minhas aplicações irão me proporcionar ao atingir os 50, 60.70...anos de idade, também devo ter maior clareza do que aspiro ser, parecer, fazer, pensar, transmitir, ou ser visto, quando estas fases chegarem.
Ao perder a identidade que a empresa me emprestou, enquanto estive empregado, com que “sobrenome” vou me apresentar depois de aposentado?
O que farei com o tempo livre? Como será meu futuro relacionamento como cônjuge, familiar e amigo? Ainda estaremos juntos como casal? Estarei ainda morando no mesmo lugar? Como vou manter minha auto-estima e amor pela vida? Quais os cuidados que devo ter em relação à saúde? Assistência médica? Atividades físicas? Qual a imagem que pretendo transmitir nesta fase da vida? Qual o padrão de vida que pretendo manter?
E uma pergunta crucial: Desejo continuar mantendo minha autonomia financeira e afetiva, ou espero que os filhos me cuidem na velhice?
Em relação aos que se preocupam em criar reservas financeiras para os filhos, seja no sentido de financiar seus estudos ou alguma tranqüilidade material para o início da vida adulta, as recomendações – para o presente - também são importantes.
Muito cuidado: Poupar, investir e buscar melhores alternativas visando um futuro material tranqüilo para os dependentes é algo que os pais podem fazer sem consultá-los.
Mas a experiência tem demonstrado que filhos que recebem recursos e facilidades financeiras, sem que tenham tido uma efetiva participação no esforço, sacrifícios e construção do mesmo apresentam como tendência um comportamento de desperdício, além de não valorizarem o que estão recebendo como apoio material.
Lembre: “tudo aquilo que vêm fácil, e sem sacrifícios ou compromissos, também pode ser facilmente perdido...”.
Eis aqui algumas sugestões: Envolva seus filhos, desde muito cedo, em planos, compromissos e consciência no seu relacionamento com o dinheiro. Não omita informações ou trate deste assunto procurando “poupá-los” das dificuldades da vida, que irão enfrentar só mais tarde.
Inclua nas conversas com a família, além do desempenho na escola, namoricos e fuxicos, também os planos futuros de cada um, vinculados a uma adequada educação financeira. Crianças e adolescentes que nunca transacionaram nada na sua infância – ao menos compraram algo com sua mesada – tendem a desconhecer o valor relativo dos bens materiais. Para muitos, o valor de um automóvel não difere muito do custo de uma bicicleta. Afinal tudo sempre lhe foi muito facilitado. Até porque muitos pais procuram manter um “discurso”, e prática, de que seus filhos devem ser poupados das dificuldades, que, eventualmente, os mesmos viveram.
Fica aqui mais uma provocação de tema para cada profissional e família tratarem à sua maneira.