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Trabalho: canais de comunicação interna dividem opiniões de especialistas

De acordo com o especialista, as empresas que aderem a estes meios apresentam problemas de gestão.

Para tentar resolver conflitos no ambiente corporativo, muitas empresas disponibilizam canais de comunicação, como linha direta com o presidente, e-mail para o RH (Recursos Humanos), caixa de sugestões ou até mesmo escolhem um profissional para ser o representante da equipe. Mas será que estes artifícios funcionam?

 

Para o coach e presidente da SLAC (Sociedade Latino Americana de Coaching), Sulivan França, o sucesso destes meios de comunicação dependem da maneira como foram instalados. “A empresa tem de definir o objetivo, qual a principal função. Caso contrário, acaba virando canal de desabafo”, diz.

Além disso, ele acrescenta que é fundamental que estes meios sejam uma via de mão dupla: o profissional que faz algum comentário tem de ter algum retorno da empresa, mesmo se for para explicar que a empresa está ciente do assunto e que procura uma maneira de solucionar o problema.

Contra
Já o sócio diretor e fundador da Muttare, consultoria de gestão, Tatsumi Roberto Ebina, acredita que os canais de comunicação interna das empresas não funcionam porque não têm legitimidade. De acordo com o especialista, as empresas que aderem a estes meios apresentam problemas de gestão.

“São empresas que estão com seu modelo de gestão muito atrasado. O correto seria que o canal de comunicação entre o subordinado e o líder funcionasse. Além disso, estes canais traduzem a presença do medo, já que o profissional tem receio de se expor”, afirma.

Ebina declara ainda que estes canais protegem os profissionais, que relatam seus casos, já que muitos são sigilosos, entretanto expõem aqueles que estão sendo “denunciados”. Para ele, o mais indicado seria que as empresas reavaliassem suas maneiras de gerir seus talentos e negócios. “As empresas estão sempre buscando inovação de produtos, mas não buscam inovação na gestão”, diz.

O que diz a legislação
Em relação ao que diz a legislação trabalhista sobre o assunto, a advogada especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário do escritório Pompeu, Longo, Kignek & Cipullo Advogados, Cristiane Fátima Grano Haik, explica que não há nada nas leis do trabalho que trate o sobre o tema.

Mas, caso a empresa exponha algum profissional, tanto o que relatou algum caso, como a pessoa que está relacionada diretamente com aquela situação, o colaborador pode recorrer judicialmente e ganhar uma indenização.

Além disso, se houver quebra de confiança por parte do empregador, o profissional pode pedir a rescisão do contrato. “O contrato de trabalho pressupõe que as duas partes confiem uma na outra. Em casos extremos, em que o empregado não consegue mais trabalhar, pode ocorrer a rescisão indireta do contrato. É como se fosse a justa causa dada pelo empregado”, acrescenta.

Sobre demitir profissionais por motivos indicados pelo canal de comunicação, a especialista afirma que isso não pode ocorrer, já que não é uma prova documental. É necessário que haja uma investigação mais profunda.

Outros meios
Algumas empresas, apesar de não oferecem linha direta com o presidente, e-mails, caixa de sugestões, entre outros, visam estreitar as relações e a comunicação entre os profissionais por meio de outras ferramentas. É o caso da consultoria Crescimentum, empresa de desenvolvimento de líderes.

A sócia da Crescimentum e gerente de Marketing e Logística, Mônica Rossi, explica que a empresa realiza encontros semestrais e anuais com os profissionais, além de aplicar uma avaliação 360 graus. Assim, o colaborador pode analisar também o desempenho de seu chefe.

“Em cada encontro realizamos uma técnica diferente. Juntos, os profissionais apontam os problemas da empresa e indicam uma solução. O resultado é fácil de mensurar, aqui na Crescimentum não tem fofoca, é um ambiente leve. O profissional é ouvido”, finaliza.