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A demanda das empresas por crédito registrou crescimento de 5,5% em julho em relação a junho, na quinta elevação mensal consecutiva, segundo mostra o Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito. Dessa forma, o índice do indicador atingiu 105,4, superando, pela primeira vez em 2009, o patamar verificado em outubro do ano passado, de 103,9. Ou seja, a procura das empresas por crédito retornou ao nível pré-crise.
Mas, segundo ressalta o gerente de indicadores de mercado do Serasa Experian, Luiz Rabi, esse mesmo crescimento não se observa na oferta de empréstimos para empresas. Segundo os dados do Banco Central, as concessões de crédito em junho, último dado disponível, ainda estão 10% abaixo do que estavam em outubro de 2008.
E, na comparação com dezembro do ano passado, acumulam queda de 14,2%, enquanto que a demanda por crédito avançou 26% nesse período. “É por isso que o spread bancário não cai”, afirma Rabi, lembrando que o spread bancário em operações para pessoa jurídica era, em outubro de 2008, de 17,7 pontos e, em junho, de 18,3 pontos.
De acordo com o indicador, na comparação com julho do ano passado, houve queda de 2,7% na demanda por crédito. E, no semestre, a variação ainda é negativa, em 6,1% em relação ao mesmo período de 2008. Segundo Rabi, quando se observa a evolução da demanda na margem (comparação de um mês em relação ao mês imediatamente anterior), fica claro que há uma retomada gradual da atividade econômica doméstica. Mas esse movimento ainda está longe de significar uma normalização das condições de crédito e produção.
As empresas estão demandando recursos para capital de giro, e não para investimentos. “A economia tem uma ociosidade elevada e, por isso, os investimentos ainda vão ficar estagnados por algum tempo”, afirma.
Rabi chama atenção também para o fato de serem as empresas de serviço as que lideram o aumento da demanda por crédito, com crescimento de 6,2% em julho ante junho. Por ser atrelado ao mercado doméstico, o setor de serviços foi o menos afetado pela crise e, agora, mostra uma retomada mais forte do que os demais. Entre as empresas do setor de comércio, a busca por crédito cresceu 5,1%.
Nesse caso, as medidas de estímulo fiscal adotadas pelo governo no primeiro semestre e a melhora da confiança do consumidor contribuíram para a recuperação da atividade, estimulando maior demanda por crédito. Por fim, na indústria, o avanço da demanda em julho foi de apenas 4,5% na margem. “A indústria conta com uma parcela grande de empresas ligadas ao mercado externo, que ainda estão estagnadas”, afirma Rabi. Nas comparações interanuais, no entanto, todos os setores ainda registram queda: serviços, -5,7%; comércio, -6,5%; e indústria, -6,7%.
Para o segundo semestre, as perspectivas são de continuidade do crescimento. Isso porque a segunda metade do ano é sazonalmente mais aquecida, uma vez que o pico da produção industrial está concentrado entre agosto e outubro.
Mercado de capitalização aumenta 9% até junho
O mercado de títulos de capitalização continua em expansão no cenário econômico nacional e apresentou dados surpreendentes para o primeiro semestre, quando a economia brasileira esteve enfraquecida. Segundo a Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), que reúne as 11 companhias atuantes no setor, o faturamento acumulado até junho foi de R$ 4,6 bilhões, o que representa um crescimento semestral de 9% em relação ao mesmo período de 2008. Somente no mês de junho, o setor faturou R$ 891,5 milhões, o maior resultado de 2009, e somou R$ 13,9 bilhões em reservas, um acréscimo de 10% em relação ao ano passado.
Na classificação nacional, a primeira posição ficou com São Paulo, que corresponde a 37% do setor, com R$ 1,7 bilhão de receita. A liderança é seguida por Rio de Janeiro - com a fatia de 10% e R$ 481 milhões faturados - e Minas Gerais, que soma R$ 421 milhões e garante a terceira colocação, com 9%. O Rio Grande do Sul alcançou a receita de R$ 385,6 milhões e foi responsável por 8,15% do mercado brasileiro. Conforme a presidente da Comissão de Produtos e Coordenação da FenaCap, Rita Batista, o desempenho segue o perfil econômico dos estados e a participação de cada um no PIB do País. “A maioria das empresas atua no Brasil todo e é difícil explicar o resultado separadamente. O crescimento é proporcional à participação no PIB, onde o Rio Grande do Sul ocupa o quarto lugar”, compara.
Para o diretor-executivo da FenaCap, Hélio Portocarrero, o resultado é consequência de campanhas de fidelização e da conquista de novos consumidores. “A capitalização se atualizou nos últimos anos, com produtos mais diferenciados e atrativos. Com isso, o volume de clientes está aumentando consideravelmente e o valor dos recursos financeiros a serem poupados também”, destaca. Rita considera a transparência e a comunicação mais objetiva com os compradores outro fator decisivo para o aumento.
De acordo com Rita, a modalidade tradicional - com retorno do valor pago ao final de um período, corrigido monetariamente - representou cerca de 75% do faturamento entre os quatro tipos de títulos de capitalização disponíveis no mercado. Outra modalidade que vem apresentando evolução é a Incentivo, que promove a comercialização de bens e serviços, utilizada com frequência por grandes empresas.
Juros bancários registram pequeno recuo em agosto
A taxa média de juros do cheque especial e do crédito para pessoas físicas teve a oitava queda mensal consecutiva, segundo o Procon. De acordo com o levantamento, na maioria das instituições financeiras a redução não superou 0,04 ponto percentual. Os juros médios mensais para empréstimos pessoais recuaram de 5,3% nos 30 dias anteriores para 5,27% e no caso do cheque especial a taxa média mensal foi reduzida de 8,83% para 8,79% no período.
A pesquisa incluiu dez instituições financeiras, o Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco. Entre os bancos que diminuíram as taxas para empréstimo pessoal, o BB apresentou o menor patamar de juros - de 4,5% para 4,48% O Santander e o Real registraram a maior taxa, de 6% para 5,98%.
O Itaú reduziu a taxa de juros do crédito pessoal de 5,9% em julho para 5,86% em agosto. Mesmo assim, a taxa está 1,38 ponto percentual acima da registrada pelo BB. Roberto Setubal, presidente do Itaú-Unibanco, afirmou na semana passada que o nível de juros cobrado pelas instituições públicas “não são sustentáveis.”
O BB registrou no segundo trimestre um lucro líquido de R$ 2,34 bilhões, 41% superior ao apurado nos três meses anteriores. O BB retomou a liderança de maior instituição nacional em ativos, com R$ 598,839 bilhões, acima dos R$ 596,387 bilhões do Itaú-Unibanco. Entre os bancos que reduziram as taxas mensais do cheque especial, a menor marca foi registrada pela Caixa, que diminuiu de 6,79% para 6,75%. O Santander e o Real apresentaram as tarifas mais altas nesta modalidade, mesmo com a redução de 9,42% para 9,38%. O BB reduziu a taxa de 7,69% para 7,65%, enquanto o Bradesco diminuiu de 8,28% para 8,24% e o Itaú alterou de 8,63% para 8,59%.