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As pequenas empresas brasileiras não estão otimistas com o cenário dos negócios. É o que aponta a Sondagem Omie das Pequenas Empresas, pesquisa da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, que mostra que 39% dos empresários do setor esperam uma piora do ambiente econômico nos próximos meses devido às altas taxas de juros. Apesar da percepção, o faturamento de 43% deles teve evolução nos últimos meses, e a expectativa de 77% ainda é de crescimento. Também é esperado por 37% das lideranças a abertura de novas vagas de trabalho no quarto trimestre do ano.
A terceira edição da Sondagem Omie das Pequenas Empresas foi realizada entre agosto e setembro por meio de questionário online com clientes da Omie que lideram pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional. 285 altas lideranças, entre CEOs, diretores, sócios e gerentes, responderam sobre expectativas em relação à evolução de seus negócios, principais dificuldades e desempenho da economia brasileira.
O levantamento revela que 43% dos empresários tiveram alta no faturamento nos últimos meses, enquanto 39% mantiveram os números e 18% indicaram queda. A percepção se mostra alinhada com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que indica alta de 4,9% no faturamento do mercado, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além das percepções sobre o faturamento atual, 79% dos respondentes sentiram a alta de custos e despesas nas pequenas empresas, enquanto apenas 20% mencionaram estagnação.
Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, explica que somado à aceleração das pressões inflacionárias na economia doméstica, alguns componentes específicos do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), como combustíveis e planos de saúde, que afetam os gastos das empresas, mostram avanço de preços acima da inflação geral. “O mercado de trabalho aquecido e o aumento real do salário mínimo neste ano também pressionam as despesas dos pequenos empresários com mão de obra”, completa.
Ainda assim, mais da metade deles (56%) indica que houve contratações no período recente, mas apenas 29% representam efetivamente a abertura de novas vagas de trabalho. A outra parcela de 27% corresponde a vagas destinadas à reposição de equipe.
Em relação à expectativa dos pequenos empresários sobre a evolução de seus negócios e do ambiente econômico, a maioria das respostas coletadas (77%) indica uma perspectiva de crescimento do faturamento nos próximos seis meses. “Apesar da maior sinalização de estagnação do faturamento nos últimos meses, as pequenas empresas seguem com expectativas positivas para o curto prazo, possivelmente influenciado pela sazonalidade positiva do quarto trimestre do ano em várias atividades do Comércio e de Serviços. No cenário macroeconômico, mesmo com a alta das taxas de juros, o crescimento da renda das famílias deve continuar sustentando o mercado de PMEs nos próximos meses”, prevê o economista.
Já sobre a evolução de contratações, 37% das lideranças dos pequenos negócios esperam abrir novas vagas de trabalho nos próximos meses – percentual ligeiramente abaixo dos 43% observados na edição anterior da pesquisa, divulgada em abril. Outros 26% se mostraram propensos a acionar o mercado de trabalho caso haja necessidade de reposição da equipe atual. Além disso, houve um aumento do percentual de empresários (de 30% para 36%) que não esperam realizar nenhuma contratação no curto prazo.
Beraldi ressalta que, “mesmo que se mantenha o otimismo ao analisar a evolução do próprio negócio, a percepção geral dos empreendedores e gestores das pequenas empresas a respeito do desempenho da economia brasileira se agravou”. Ao todo, 39% sinalizaram que esperam uma piora do ambiente econômico nos próximos meses, enquanto mais de 38% indicaram perspectiva de estagnação. Apenas 23% apontaram expectativa de melhora para o curto prazo.
Principais dificuldades que as pequenas empresas enfrentam no mercado
A Sondagem Omie das Pequenas Empresas também se dedicou a entender as dificuldades que as pequenas empresas enfrentam no mercado. As principais dores sinalizadas foram ‘taxas de juros elevadas’, ‘altos custos com mão de obra’ e; ‘elevada competitividade no segmento’ – todos indicados por 41% dos entrevistados.
O principal destaque é o aumento na concentração de respostas sobre o tema 'taxas de juros elevadas', que subiu de 30% para 41%. O movimento se mostra alinhado ao observado na economia brasileira nos últimos anos, considerando a recente retomada do ciclo de altas da Selic pelo Banco Central. “Além da Selic em níveis historicamente elevados, a seletividade dos bancos nos empréstimos destinados às pequenas empresas também afeta o custo final de obtenção de crédito por esses agentes econômicos. ‘Altos custos com mão de obra’ segue sinalizado pelas pequenas empresas como um entrave relevante para seu crescimento”, sinaliza Beraldi.