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*Por Camila Nasser
A Defiance Capital fez uma análise de todos os novos unicórnios criados no período entre 2013 e 2023, nos Estados Unidos e no Reino Unido. A amostra constatou a criação de 845 unicórnios e 2.018 fundadores. Um dos principais objetivos do estudo é conseguir entender o ‘DNA’ desses negócios.
Cerca de 70% dos unicórnios têm fundadores underdog, ou seja, que se enquadram nas seguintes categorias: imigrantes, mulheres e pessoas negras. Em 2023, 17% dos unicórnios teriam pelo menos uma mulher entre o time fundador - o que é pouco, mas ainda sim um avanço em comparação aos anos anteriores.
E apesar dos underdogs representarem a maior parte dos fundadores de unicórnios, quando trata-se de aporte de fundos de Venture Capital, apenas 21% dos unicórnios fundados por imigrantes ou mulheres receberam aporte dos 10 principais VCs.
Enquanto isso, unicórnios fundados pelo típico arquétipo do empreendedor homem, branco, nativo e graduado em uma Ivy league, apesar de representar apenas 11% do total dos fundadores de unicórnios, ainda é o perfil com o maior acesso a capital.
E quando falamos de acesso a capital, outro dado relevante que a pesquisa traz é sobre o papel dos fundos de Venture Capital na criação dos negócios. De acordo com a Defiance Capital, fundos menos conhecidos de VC têm tanta chance de investir no novo unicórnio quanto os mais carimbados.
Excluindo YC, que aportou em 10% dos unicórnios, e SV Angel, com 6.4%, nenhum outro fundo chegou a aportar em mais de 2.8% (Sequoia) dos unicórnios. O que isso significa para o cenário atual?
O fato é que nos estágios mais embrionários dos negócios e investimentos, fundos novos ou menos conhecidos têm chances semelhantes a fundos já estabelecidos de ter um unicórnio dentro do portfólio, principalmente porque surgem como novas possibilidades de negócios e podem gerar interesse em investidores.
Aqui no Brasil, o contexto é bem diferente. Afinal, temos menos acesso a capital e uma alta dependência na rede de contatos para rodadas futuras, e por essa razão, presumimos que o resultado seria diferente e que os principais fundos seed devem concentrar o maior número de unicórnios.
Ainda assim, os dados trazidos pela Defiance Capital podem ser a porta para os diálogos com o mercado de Venture Capital, promovendo maior diversidade no perfil dos fundadores, e em especial um entendimento de que não existe uma receita do bolo ou um único caminho a seguir (ou fundo a captar) que levará o negócio ao sucesso.
*Camila Nasser é cofundadora e CEO do Kria, que é uma das principais plataformas de investimento em startups. A executiva iniciou sua carreira profissional no universo financeiro no Kria, como estagiária, ainda na época de faculdade. Ao longo dos anos, assumiu importantes cargos de liderança, como Head de Marketing e Chefe de Operações. No final de 2020, foi convidada para se tornar CEO da fintech. Camila é graduada em comunicação pela ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing, em São Paulo.