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A inadimplência é um problema que atinge mais da metade dos empreendedores de pequeno porte no país. Segundo uma pesquisa feita pelo Centro de Apoio aos Pequenos Empreendimentos (Ceape Brasil) para entender o nível de Educação Financeira entre os gestores de pequenos negócios, 69,7% dos entrevistados afirmam que já tiveram problemas para honrar os compromissos do próprio negócio, o que inclui pagar os fornecedores ou colaboradores. A instituição especializada na concessão de microcrédito produtivo orientado – ou seja, unindo empréstimo com educação financeira dos tomadores – alerta que, para além do risco de as dívidas virarem uma "bola de neve", a falta de organização financeira prejudica na hora de conseguir empréstimos.
"Muitos pequenos empreendimentos necessitam de algum incentivo para se estruturarem e alavancar os negócios, porém, estes enfrentam dificuldades para conseguir crédito no Brasil quando recorrem às instituições financeiras tradicionais, em grande parte, por não conseguirem provar que estão aptos a arcar com aquele recurso. Por este motivo, recorrem a fontes alternativas para obtenção de recursos”, afirma Claudia Cisneiros, diretora-executiva do CEAPE Brasil.
Mesmo no caso do Microcrédito Produtivo Orientado, que oferece um tíquete médio de empréstimo mais baixo que o convencional e que, a exemplo do próprio CEAPE, pode ter um modelo de avaliação de crédito mais flexível para atender empreendedores informais, quanto maior a organização das contas, melhor. “Não é um trabalho simples, pois trata-se de um público diferenciado, que nem sempre está cadastrado nos bureaus de crédito. A análise do risco precisa ser feita in loco. Muitos nem conta bancária tem", ressalta Claudia Cisneiros.
Atualmente, o CEAPE possui unidades em Estados como o Maranhão, Pará, Tocantins e São Paulo e conta com 21 mil clientes ativos, ou seja, com empréstimos em andamento. Desde sua fundação, o CEAPE já concedeu mais de R$2,5 bilhões em crédito, beneficiando cerca de 1,5 milhão de empreendedores, principalmente na região Nordeste. O tíquete médio de empréstimo é de R$ 5.855,86e 65% das pessoas beneficiadas são mulheres.
Controle de receitas
Outro dado da pesquisa que chama a atenção é que somente 54,1% dos empreendedores costumam separar as contas pessoais com as da empresa. Do total da amostragem, 5,4% dos entrevistados afirmaram que não veem sentido na separação. Outros 25,2% disseram que às vezes precisam remanejar os recursos pessoais para a empresa e vice-versa, e outros 15,4% observaram que “fazem o que podem”, ou seja, não conseguem ter duas gestões distintas porque as contas não fecham.
Sobre as ferramentas de controle das receitas, os dados obtidos pelo CEAPE mostram uma situação preocupante: 9,1% dos empreendedores afirmam que controlam tudo de cabeça e outros 7,9% dizem que não usam nenhum controle. Entre aqueles que buscam olhar com mais cuidado o seu caixa, 7% se baseiam nos que seus contadores falam, 14,5% usam planilhas e outros 61,6% utilizam o caderninho para fechar as contas.