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Os últimos indicadores mostram que a China pode enfrentar dificuldades para alcançar a meta de crescimento neste ano e está sofrendo uma desaceleração de sua economia. Segundo Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em economia global, o início do terceiro trimestre chinês sinaliza que para o ano o crescimento ficará em torno de 3% ou no máximo 3,2%, muito baixo para o contexto do país. “O baixo investimento, a expectativa econômica indicando para baixo, além de uma demanda internacional menor e com as exportações até julho caindo 14,5%, provocam uma queda muito forte pelos produtos chineses no mundo”.
Há um quadro de mudança na estrutura da produção chinesa nos últimos anos. A China faz sucessivos acenos de que pretende mudar sua economia baseada em infraestrutura, na construção civil e na siderúrgica para a expansão da ação do estado. “Hoje o congresso chinês busca digitalizar setores e serviços acompanhando as mudanças ocorridas nos Estados Unidos. A China imaginava que a demanda no mundo absorvesse os produtos industrializados chineses e, enquanto no âmbito interno, ela faria uma mutação para economia digitalizada. Isso não aconteceu nos últimos dois anos e levou o Partido Comunista a enfrentar o poder das grandes Big techs locais, “cortando asas das empresas” para não ameaçarem a hegemonia do partido”, destaca Trevisan.
O especialista lembra que o país enfrentou pela primeira vez em 40 anos, uma deflação de 0,3%, e que os preços não só param de subir, mas começaram a cair. “Qualquer economista sabe que a pior doença para uma economia é a deflação, quando os preços param de subir porque ela incide diretamente. A China começa a fazer um forte apelo por consumo, pois sua economia é baseada em um tripé que envolve exportações, importações e consumo interno. É preciso olhar para a China e perceber avanços, pois tem um processo contínuo de urbanização, novos setores industriais, como por exemplo carro elétrico. A China é de longe a maior produtora de carro elétrico do mundo, vende tecnologia nesse setor, tem um processo de economia verde como nenhum outro país do mundo, se preocupa com a descarbonização e, principalmente, produz células fotovoltaicas de energia solar e distribui pelo mundo”.
Com esse quadro é difícil dizer que o país terá uma queda violenta em sua economia. Trevisan ressalta que os chineses farão acertos e haverá troca do seu modelo econômico. “Essa troca vai impulsionar o consumo chinês, pois são 1.4 milhões de consumidores. O quadro não é dos piores. Mas, será que a China está enfrentando uma tempestade perfeita?”, conclui.
O especialista está à disposição para comentar o assunto.
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Fonte: Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em economia global