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Transformação digital na contabilidade: você pode “não querer”?

Quando se fala sobre transformação digital ou inovação quase sempre pensamos que a única maneira de fazê-las é criando um produto inédito e promissor.

“O futuro não tolerará profissionais apenas escriturários, informantes, porque os computadores estão suprindo esta função e são manuseáveis com facilidade, mesmo por quem tem baixo nível de cultura. Como a ciência está caminhando a passos largos é preciso que o profissional procure inteirar-se de tais progressos.” Prof. Antônio Lopes de Sá – 16/10/2004

Transformação digital na contabilidade: você pode “não querer”?

Quando se fala sobre transformação digital ou inovação quase sempre pensamos que a única maneira de fazê-las é criando um produto inédito e promissor. Ou seja, é esperado que cresça de vento em popa do dia para a noite ou que mudará comportamentos drasticamente.

Mas a verdade é que a inovação pode ocorrer até mesmo no que já está consolidado e que agora funciona bem. Por isso, é necessário realizar mudanças antes que seja tarde demais.

De acordo com recentes pesquisas da empresa de consultoria IDC, pouco mais de 10% das empresas investem cerca de 5% de seu faturamento em tecnologias inovadoras. Reinaldo Sakis, gerente de Pesquisa e Consultoria para Devices da IDC Brasil, indica ainda que empresas mais maduras e que investem mais em transformação têm mais faturamento e crescimento em comparação com as que não seguem esse caminho.

A transformação digital na contabilidade está caminhando em um ritmo tão surpreendente, que muita coisa que parecia impossível há pouco tempo atrás, já acontece. O futuro é agora! E, esse papo de tecnologia na contabilidade, transformação digital e a necessidade que as empresas têm de se atualizar pareça clichê, não é?

Isso, porque o que mais se vê por aí, são pessoas que falam da transformação digital na contabilidade, mas não sabem como implementá-la. A transformação digital traz consigo uma onda de facilidades que, se não exploradas, podem significar o fim de um negócio. Observe:

O que aconteceu com a Sega, Kodak, Blockbuster ou Blackberry?

Se de um lado temos o cenário de sucesso do Uber, AirBnB, BlaBlacar ou Pinterest, do outro temos empresas que atuam há anos no mercado, e acabaram ficando para trás por não iniciarem rapidamente a transformação digital.

Com a velocidade na qual surgem as novas tecnologias, negócios que não se atentam em inovar seus modelos ou que demoram a “tirar” novos projetos do papel, perdem o timing. Aqui podemos citar alguns exemplos de empresas como a Sega, que tinha videogames e jogos de sucesso, mas o seu produto Dreamcast não estava preparado para o sucesso da PlayStation 2 e o videogame foi abandonado em 2001.

Kodak

Durante a maior parte do século 20, a companhia foi uma gigante no mercado de filmes fotográficos, chegando a dominar 90% desse mercado nos Estados Unidos na década de 70. A Kodak fazia sucesso, mas os seus líderes acharam que a câmera digital iria prejudicar a venda de filmes e engavetaram a tecnologia.

No final dos anos 90, a empresa enfrentou problemas financeiros devido à queda nas vendas dos filmes durante a transição para a era da fotografia digital. A empresa chegou a mudar a estratégia, abraçando a tecnologia digital de fotografia e impressão, mas já era tarde demais. Ela havia perdido o timing para revolucionar o mercado com a oportunidade digital.

Blockbuster

As locadoras de vídeo também assistiram a sua queda com o surgimento dos meios de download, planos de TV a cabo e serviços de streaming, que levaram ao declínio do aluguel de DVDs e Blu-rays. A falência da Blockbuster significou a perda de milhões de dólares. Ciente da ameaça dos meios digitais, a empresa poderia ter usado a sua marca forte para se reformular, lançar um concorrente ao Netflix, e levar seus clientes para um serviço digital, mas infelizmente isso não aconteceu.

Blackberry

Mais uma grande empresa que faliu recentemente foi a Blackberry. A marca ignorou as tecnologias que o iPhone estava desenvolvendo, como o touch-screen e julgou que a empresa nunca seria capaz de se tornar o standard corporativo por não conseguir lidar com a segurança a nível de e-mail empresarial.

Mas a Apple dominou o mercado de consumidores pessoas-físicas e promoveu o BYOD (Bring Your Own Device, traga seu próprio aparelho) dentro das empresas. Com isso, o mercado foi redefinido e a Blackberry perdeu quase todo seu marketshare.

E o contador 2.0, como vê a inovação na contabilidade?

Jim Boomer, CEO da Boomer Consulting, num artigo intitulado “Você sente a dor?” (Do You Feel the Pain?, título original em Inglês) alerta que, na atualidade, ainda existem muitos líderes de empresas de contabilidade com a mesma mentalidade dos executivos da Kodak. O que quer dizer que muitos contadores não olham para a inovação como tendências na contabilidade.

Segundo o estudo Welcome to the Fast Future, apenas 10% das empresas contábeis se vêm como inovadoras, enquanto 82% reconhecem que precisam compreender melhor a inovação na contabilidade. O restante considera que a profissão já está pronta para o futuro (sem a necessidade de melhorias).

O cenário é preocupante, uma vez que as transformações tecnológicas são rápidas e constantes, e o contador 2.0 precisa estar atento para não ser ultrapassado por concorrentes globais.

A tecnologia na contabilidade tem mudado a forma de trabalhar de todos os profissionais contábeis e certamente você já sentiu isso no seu dia-a-dia. A adoção da nuvem como plataforma tem promovido uma revolução tecnológica neste mercado, valorizando o profissional cada vez mais essencial no cotidiano das empresas.

Novos modelos de negócios, mercados globalizados e clientes mais exigentes são pontos de atenção para empresas contábeis e criam um futuro de grandes desafios, mas também de muitas possibilidades.

A inovação na contabilidade trouxe modernidade na geração e o envio de informações tributárias, legais e trabalhistas por meio digital. SPED e E-Social são exemplos de projetos que evidenciam a importância do contador se desenvolver e buscar automação de processos, conexão com clientes, novos modelos de negócio e até mesmo uso de tecnologias inovadoras como: computação cognitiva, cloud computing, inteligência artificial e big data.

O contador 2.0 precisa buscar a inovação na contabilidade para se tornar mais consultivo e participativo nas decisões estratégicas dos seus clientes. Nesse contexto, inovar se torna essencial para prosperar. Muitas vezes é preciso reinventar-se e transformar-se para continuar no mercado, bem antes que o prejuízo ameace aparecer.

Atualmente, existem novos caminhos sendo abertos pela tecnologia na contabilidade. Os avanços tecnológicos, como a integração total de dados financeiros e fiscais entre cliente e o contador, são os maiores aliados no ganho de eficiência tão desejada pelos empresários contábeis.

Um dos aspectos mais importantes estão relacionados à segurança com que os procedimentos passaram a ser realizados. Ao perceber que seu escritório oferece diferenciais no atendimento e na segurança dos documentos, a tendência é que o cliente passe a ver seu trabalho de maneira mais positiva. Isso é fundamental para agregar valor ao serviço oferecido e gerar mais benefícios, como a fidelização, por exemplo. Ao modernizar os procedimentos, o contador conta com um diferencial de mercado.

Como vimos, as inovações aperfeiçoam os diferentes processos que fazem parte da rotina de um escritório contábil. Sem uma aposta clara em inovação na contabilidade, as empresas correm o risco de perderem competitividade.

Algumas empresas conseguem adaptar-se a novas realidades, implementando aos poucos, o uso de novas tecnologias e novos procedimentos no seu funcionamento. Outras, devido a decisões menos acertadas, ficam para trás, perdendo os fatores distintos, que em tempos as fizeram ser competitivas.

A Kodak levou 35 anos para chegar a falência, pois perdeu a chance de inovar quando teve a oportunidade de lançar as câmeras digitais no mercado. Quanto tempo mais você acha que os escritórios que não apostam em tecnologia na contabilidade irão aguentar?