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Luis Raposo
Muito se fala sobre as oportunidades que são abertas em momentos de crise como a atual. Mas a grande questão que fica é: quais são as oportunidades disponíveis e como capturá-las?
No incerto e competitivo ambiente empresarial, avanços estratégicos importantes podem ser conquistados via fusão ou aquisição (F&A). Tal iniciativa permite o fortalecimento empresarial de diversas formas como, por exemplo, ganhos com economias de escala e de escopo, além de incremento na dominância de mercado, seja no âmbito de produto, da praça ou mesmo de preço.
De olho nisso, operações de fusões e aquisições estão ocorrendo e crescendo em todos os níveis, onde pequenas e médias empresas passaram a ser alvo de investidores, notadamente por meio de fundos de private equity e investidores estratégicos. Já entre as grandes empresas, essas operações têm sido lideradas com folga pelos investidores estratégicos, que buscam uma consolidação relevante e imediata.
De acordo com o ranking divulgado pela Anbid em fevereiro de 2009, o setor de fusões e aquisições envolveu empresas cujo valor atingiu R$ 100,4 bilhões no ano passado. Foram 94 transações registradas. Entre as grandes operações recém-anunciadas estão as compras da Brasil Telecom pela Oi; da Nossa Caixa e de parte relevante do capital do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil; do segmento de caminhões e ônibus da Volkswagen pela MAN AG; e da Aracruz pela VCP. Sem falar na megafusão entre Itaú e Unibanco e, no exemplo do empresário Luiz Cesar Fernandes, que voltou ao mercado ao adquirir, em parceria com Eugenio Holanda, a operação brasileira do banco alemão Dresdner, em demonstração clara de que quem está atento vislumbra boas oportunidades mesmo em momentos de crise.
Assim, empresas que buscam fortalecer suas posições e melhorar seus resultados podem seguir pelo caminho das F&A, dependendo sempre da adequação do processo em cada caso específico. Há também a perspectiva de que, com a queda nos preços das ações de empresas listadas na bolsa de valores, operadores locais e estrangeiros, ou até mesmo investidores financeiros, aumentem o apetite por sociedades anônimas brasileiras de capital aberto.
Quando falamos de empresas negociadas em bolsa, até mesmo o pequeno investidor pode participar de processos de fusões e aquisições. Para tanto, basta formar posições em empresas que tenham perfil consolidador (compra) ou naquelas a serem adquiridas (alvos).
A experiência mostra que não existe lado preferencial na obtenção de resultados, já que o sucesso das partes envolvidas está associado, de forma geral, à percepção do valor a ser pago ao vendedor; à criação de valor com a operação de F&A (pela valorização de sinergias, por exemplo); à eficiência na captura desses benefícios (captura efetiva e prazos associados); e à estrutura de capital pós-aquisição ou fusão.
Entretanto, avalia-se que há menos riscos para quem está perto do controlador (notadamente quanto se está na ponta vendedora), como portador de ações ordinárias ou em empresas que ofereçam tag along aos minoritários preferencialistas. Como sabemos, existem inúmeros casos onde a venda de uma empresa gera distorção relevante entre os valores obtidos pelos acionistas controladores e os preferencialistas - e a negociação da Aracruz é um bom exemplo recente.
Atentas a esse movimento, muitas empresas de assessoria estão fortalecendo sua área de corporate finance destinada à intermediação de negócios de fusão e aquisição. O segmento envolve uma série de atividades destinadas a dar suporte ao sucesso dessas operações, tais como: avaliação dos princípios e diretrizes estratégicas para a fusão ou a aquisição; definição dos alvos a serem perseguidos; avaliação econômico-financeira dos alvos e dos benefícios associados; e assessoria durante a negociação e na eventual captação de recursos para viabilizar a operação.
Crise, oportunidade, mudança, convergência... Estes são termos recorrentes em momentos como o atual que devem ser sempre observados com atenção para que os movimentos que se formam à sua volta sejam adequadamente acompanhados pelos gestores seniores das empresas e corporações. Portanto, é preciso muita atenção e bom assessoramento para que as oportunidades possam ser capturadas e se traduzam em crescimento e em resultados positivos.
Luis Guilherme Raposo é sócio-diretor da BDO Trevisan para a prática de Corporate Finance